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Entre águas e esgoto: Combatendo a pandemia e a desigualdade por meio das políticas de saneamento e

Atualizado: 3 de jan. de 2021



A doença Covid-19 não é democrática por expor e aprofundar a desigualdade social no país. Enquanto aguardamos a ciência produzir um remédio ou uma vacina, exigindo dela um tempo recorde na história. O isolamento ameniza e salva vidas, assim como a rede de economia solidária e o uso generalizado de máscaras também salvam vidas. Mas, como a coletividade é afetada pelos resultados da ação do poder público, o desempenho do avanço dessa doença reflete a capacidade política do país, porque esse é um vírus que é combatido com ações de curto prazo.


Infelizmente o Presidente da República não considerou como serviço essencial o serviço de saneamento de água e esgoto, pelo contrário, pesa suspeitas de maquiar ou esconder dados do avanço da pandemia. O país perde um tempo precioso em acompanhar, por meio do monitoramento os rios e córregos em bairros e zonas das cidades, pois eles servem como sentinelas. É possível detectar, mesmo uma pequena quantidade do vírus, identificar comunidades com assintomáticos, em estágio inicial de transmissão comunitária.


No país, metade da população não tem acesso ao saneamento básico. A desigualdade no acesso a água tratada evidencia a vulnerabilidade que populações estão tendo para manejo das águas nas comunidades, e assim, fazerem o isolamento e a higiene necessárias. A água é um direito humano, ratificado na agenda 2030 da ONU – objetivo ODS 6 – direito ao acesso equitativo a água potável, saneamento e higiene, isto é, se pensarmos que é um investimento e não um gasto serão necessários apenas algumas centenas de bilhões de dólares, o que deve ser usado para superar a distribuição ambiental heterogênea no mundo e no Brasil. Há também uma distribuição desigual do uso, maior para agricultura, seguida da indústria e cidades.


Contra o tempo devem correr as concessionárias e prefeituras para melhorar o acesso a água potável às populações em periferia e em meio rural. Podem e devem adotar apoio por tarifa social, fortalecimento das redes de distribuição, prolongando as redes, reservatórios comunitários, pias comunitárias, carros pipas etc. Por mobilização social e comunicação deveria haver um trabalho conjunto com agentes comunitários de saúde. Além de fortalecer o uso de equipamentos de Proteção individual (EPIs) e protocolos de segurança dos trabalhadores em saneamento, técnicas essas já desenvolvidas, há um histórico de proteção e prevenção a doenças, virais, bacterianas, protozoárias e verminoses.


Selecionei alguns conteúdos disponíveis sobre o assunto da presença do Sars-cov-2 no esgoto. Inicialmente cheguei a ficar preocupado com a descoberta nas fezes humanas, mesmo dos assintomáticos e dos curados da Covid-19. As informações disponíveis são poucas. A transmissão do novo coronavírus é por via respiratória, oral, e ainda não há comprovação de transmissão por via feco-oral ou da água contaminada com esse vírus. Na dúvida, abaixe a tampa do vaso sanitário ao dar a descarga.


Os problemas do acesso a água potável, foram resumidos no canal Meteoro Brasil, como um drama da desigualdade no acesso ao saneamento no país, e também, como um problema que possibilita a disseminação de várias doenças. Sendo elas, Dengue, Diarreias e problemas renais, além do possível contágio pelo novo coronavírus.


Pesquisas realizadas na China e em Singapura mostraram que os pacientes do novo coronavírus tinham em suas fezes o material genético, Sars-cov-2, do vírus do novo coronavírus mesmo depois de não apresentar mais o material nas vias respiratórias e no pulmão. Na Holanda, outras análises foram feitas com base na publicação de 15 artigos científicos com o intuito de descobrir a possível transmissão da Covid-19, pela rota fecal-oral – a contaminação acontece através das fezes de uma pessoa contaminada em contato pela boca de outra pessoa, que pode ser encontrada em água não tratada, ou má limpeza dos alimentos. A segunda análise foi a detecção do mesmo material genético em amostras de esgoto do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, bem como em outras das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) das cidades de Kaatsheuvel e de Tilburg (onde há o trata do esgoto do aeroporto de Schiphol), após duas semanas da confirmação do primeiro paciente com covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, na região.


No Brasil a pesquisa realizada pela Fiocruz junto à Prefeitura de Niterói trazia como base a presença do material genético do novo coronavírus nas águas de esgotos. As amostras recolhidas são das áreas da cidade com grande número de infectados pela doença, a pesquisa visa a identificação de qual região ou microrregião existe a presença do vírus, contribuindo para o monitoramento dos sistemas de saúde, e se baseia em estudos científicos internacionais que acreditam identificar a presença do coronavírus mais rapidamente. 


Outros estudos no Brasil com base nas pesquisas da Fiocruz, estão sendo realizados pela Agência Nacional de Águas (ANA) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e a Secretaria de Saúde do Estado de Minas, que pretende detectar a presença do novo coronavírus no esgoto das cidades de Belo Horizonte (MG) e Contagem (MG). Entretanto, a pesquisa contribui com o mapeamento da incidência da doença nas localidades estudadas. Conforme os pesquisadores, o mapeamento pode ajudar a detectar regiões com maior número de infectados ou doentes, mesmo onde a Secretaria de Saúde não realizou o mapeamento.

Conforme nota técnica divulgada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em ETEs Sustentáveis (INCT ETEs Sustentáveis) o monitoramento do esgoto para verificar a presença do novo coronavírus é uma boa estratégia para detecção da doença ou infecção viral na população, inclusive na parcela que é assintomática. Uma vez que possivelmente há grande índice de carga viral sendo despejada nos rios.

Veja também:


https://www.greenme.com.br/viver/saude-e-bem-estar/44866-mapear-presenca-acompanhar-disseminacao-coronavirus-esgoto/

https://www.labi.ufscar.br/2020/04/02/covid-19-virus-no-esgoto/

https://youtu.be/_8p0fS8NM9I

https://ondasbrasil.org/covid-19-e-agua-potavel-o-estado-na-linha-de-frente/

https://ondasbrasil.org/publicacoes-sobre-a-pandemia-do-novo-coronavirus-e-o-saneamento/

https://www.ana.gov.br/noticias/webinar-discute-monitoramento-do-esgoto-como-ferramenta-de-vigilancia-epidemiologica-durante-pandemia

https://ondasbrasil.org/10-medidas-emergenciais-para-garantir-a-populacao-o-direito-a-agua-durante-a-pandemia/

https://canaltech.com.br/saude/cuidado-com-cheiro-de-coco-e-possivel-contrair-covid-19-so-de-inalar-entenda-165510/

https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/26/8/20-0681_article



tags saúde, água, meio ambiente,

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