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O alerta de Alexander von Humboldt


Sua obra continua por séculos inspirando outros tantos cientistas e pensadores nas mais diversas áreas do conhecimento, incluindo as ciências, artes e diplomacia.

Neste sábado (14) fez 250 anos do nascimento do cientista que concebeu a maneira como vemos a natureza, o alemão Alexander von Humboldt (1769-1859). Em “A invenção da Natureza” (2ª Ed. Planeta do Brasil, 2019), a escritora indiana Andrea Wulf nos conecta a toda rede de conhecimento desse inquietante estudioso, considerado o mais influente cientista de sua época, que só não foi mais famoso que Napoleão Bonaparte.

Relembrá-lo no atual contexto de retrocesso civilizatório, visto no recorde impiedoso de desigualdade e da exploração criminosa da natureza, a reboque do negacionismo científico, das teorias conspiratórias, da mediocridade política, do maniqueísmo, do individualismo, é, no mínimo, resgatar a importância do conhecimento, das universidades e das coleções científicas para o desenvolvimento humano.

Em uma época onde uma maioria colonialista e escravagista concordava sem pudor algum que a devastação das florestas era vista como alicerce para acumulação de lucro futuro, Humboldt, com dados por ele investigados, contrariamente dizia que quando as florestas são destruídas, como na América colonizada, as fontes de água secam por completo ou se tornam menos abundantes. E a combinação de intensas chuvas com solos erodidos formam súbitas inundações devastadoras. Até hoje há exploradores e corporações que, sem nenhuma prova, forjam teorias conspiratórias para justificar suas ganâncias. Como disse Goethe, o maior poeta alemão, em conversa com Humboldt: “Os nossos sentidos não nos enganam. O que nos engana é o nosso julgamento”.

Humboldt foi um ser extraordinário que transcendeu seus próprios feitos ao adquirir o respeito de outros tantos e diferentes contemporâneos, dos mais notáveis pensadores, artistas, cientistas e governantes numa época efervescente do Iluminismo, revoluções e movimentos separatistas. Sua obra continua por séculos inspirando outros tantos cientistas e pensadores nas mais diversas áreas do conhecimento, incluindo as ciências, artes e diplomacia.

Seu legado nos ensina a lidar com a complexidade do mundo e nos responsabilizarmos com as futuras gerações. Segundo Humboldt, o homem não pode agir sobre a natureza e não pode apropriar-se de nenhuma de suas forças para uso próprio se ele não conhecer as leis naturais, e alertou que a humanidade tinha o poder de destruir o meio ambiente, e as consequências talvez fossem catastróficas. Realmente, nunca foi tão evidente que tudo está interligado, cada atitude nossa reflete no Cosmo.

Por Arthur Valente, biólogo e doutor em engenharia florestal

Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland no Monte Chimborazo, Equador. Artista: Friedrich Georg Weitsch

O viajante, geógrafo e naturalista Alexander von Humboldt (1769-1859) exerceu uma profunda influência sobre as artes visuais. Por meio de suas expedições e escritos, ele incentivou os artistas a experimentarem a natureza, promovendo a pintura de paisagem como forma de sintetizar a complexidade de um lugar. Humboldt argumentava que, usando a pesquisa científica, os artistas seriam capazes de transmitir as diversas características topográficas de um lugar. Entre 1799 e 1804, Humboldt e seu colega botânico Bonpland foram guiados pelos indígenas através dos territórios que correspondem aos atuais países Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Cuba e México, terminando sua viagem nos Estados Unidos. Nesta obra, o pintor alemão representa Humboldt e Aimée Bonpland na base do vulcão Chimborazo. Ao representar o notável cientista em uma paisagem detalhada e natural, Weitsch enfatizou o impacto que Humboldt gerou em pintores como ele próprio, bem como Johann Moritz Rugendas, Ferdinand Bellermann e Frederic Edwin Church, entre outros, que estudaram os textos de Humboldt e refizeram meticulosamente seus passos através das Américas (Este parágrafo e a pintura foram reproduzidos de Picture the Americas).

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